"No quadro inaugural de um mundo aberto, pela escrita de navegadores, missionários e  comerciantes fixa-se conhecimento sobre novas espécies de fauna e flora, de raças humanas e sistemas de pensamento, costumes, crença e de modelos sociais. Cria-se, assim, a primeira base de dados global que encheu arquivos portugueses e europeus e dos países contactados, que hoje em dia testemunham essa grande epopeia de conhecimento do Planeta Terra. Desfazem-se velhos mitos e ideias fantásticas sobre o mundo e os oceanos desconhecidos, povoados que estavam no imaginário medieval por monstros e outras figuras fantásticas dignas de filmes de ficção científica.

           A Escola Humanista e Renascentista europeia fez então a revisão e atualização da geografia planetária e de outros saberes cristalizados desde a antiguidade clássica sobre o homem e o cosmos. Como escreveu o nosso primeiro gramático Fernão de Oliveira, com as viagens dos portugueses avançou-se mais em 80 anos no conhecimento da humanidade e dos oceanos do que os gregos e romanos em 2 mil anos. Desenvolveu-se então, com base na nova mundividência global,  a ciência moderna que passa a assentar no revolucionário conceito de “descobrimento” e “descoberta” de acordo com o historiador americano David Wootton na sua recente obra sobre  A Invenção da Ciência.  A ideia de “descobrir” e de “descoberta” de coisas novas passar a integrar a gíria dos cientistas e torna-se o móbil da ciência, fundando a utopia do progresso em linha ascendente."

José Eduardo Franco